A definição de “velhice” é um tema complexo e multifacetado. A ciência tem tentado definir a idade em que uma pessoa se torna “velha”, mas a resposta não é tão simples quanto parece.
De acordo com um estudo publicado no Journal of Gerontology, a idade em que uma pessoa se torna “velha” pode variar dependendo de vários fatores, incluindo sua saúde física e mental, bem como sua percepção pessoal da idade.
A idade é apenas um número
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a velhice como uma fase da vida que começa aos 65 anos nos países desenvolvidos e aos 60 anos nos países em desenvolvimento. No entanto, essa definição é amplamente contestada, pois muitas pessoas nessa faixa etária ainda se sentem jovens e ativas.
Quando começamos a envelhecer segundo a ciência?
A idade avançada emerge como um fator de risco preponderante para uma série de doenças crônicas que impactam significativamente na expectativa de vida”, afirmam os pesquisadores em um artigo publicado na renomada revista científica Nature Medicine.
Com o progresso inexorável do relógio biológico, tornam-se evidentes vários sinais visíveis do envelhecimento, como o surgimento de rugas faciais, o embranquecimento dos cabelos, a diminuição da acuidade auditiva e visual, a perda de agilidade e, ocasionalmente, a incontinência urinária.
No entanto, os estudiosos argumentam que esse processo não se restringe apenas aos sinais externos, mas se inicia internamente muito antes de se tornar visível. As primeiras alterações começam a ser observadas por volta dos 34 anos e continuam até os 60 anos, período definido como idade adulta. Dos 60 aos 78 anos, ocorre o estágio da maturidade tardia. Posteriormente aos 78 anos, a pessoa entra na fase da velhice propriamente dita, momento em que é considerada “velha”.
À medida que a idade cronológica avança, observa-se uma significativa diminuição nos níveis de 373 proteínas no plasma, até que sua produção cessa por completo. Esta diminuição é atribuída à perda de capacidade de reparação do DNA.
Como a idade foi calculada?
“Por um longo período, sabemos que a medição de certas proteínas no sangue pode oferecer insights sobre a saúde de uma pessoa”, afirma Tony Wyss-Coray, professor de neurologia e um dos autores do estudo, em nota. No entanto, tradicionalmente, essa medição era feita de forma individualizada, sem considerar simultaneamente centenas de proteínas.
Para estabelecer uma nova definição de velhice, os pesquisadores analisaram os níveis de 3 mil proteínas em 4,2 mil pessoas de diversas faixas etárias. A partir das proteínas mais comuns, identificaram que alterações em 373 delas estão correlacionadas com o processo de envelhecimento. “Quando os níveis relativos dessas proteínas sofrem mudanças substanciais, isso indica uma mudança no estado do indivíduo”, destaca o pesquisador Wyss-Coray. Portanto, essa metodologia oferece uma maneira confiável de acompanhar as diferentes fases da vida de uma pessoa.
Utilizando Inteligência Artificial (IA) para Avaliar a Idade Biológica
Com base nesses resultados e em outras pesquisas, o mesmo grupo de cientistas da Universidade de Stanford desenvolveu um algoritmo de inteligência artificial capaz de avaliar a idade biológica de cada órgão de um indivíduo e estimar o risco de falha funcional. No futuro, essa abordagem possibilitará intervenções precoces, antes do surgimento de doenças, o que pode significativamente melhorar a qualidade de vida das pessoas em idade avançada.”
A importância da saúde física e mental
A saúde física e mental desempenha um papel crucial na determinação de quando uma pessoa se torna “velha”. De acordo com a pesquisa, pessoas que mantêm um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada e exercícios regulares, tendem a se sentir mais jovens do que sua idade cronológica.
Percepção pessoal da idade
A percepção pessoal da idade também é um fator importante. Um estudo descobriu que as pessoas que se sentem mais jovens do que sua idade cronológica têm uma chance menor de morrer do que aquelas que se sentem mais velhas.
A “percepção pessoal da idade” refere-se a como uma pessoa se sente em relação à sua própria idade. Por exemplo, uma pessoa pode ter 60 anos, mas se sentir como se tivesse 40 anos. Isso pode ser influenciado por vários fatores, incluindo saúde física e mental, estilo de vida, atitude e experiências de vida.
Pessoas mais jovens do que sua idade real têm uma probabilidade reduzida de mortalidade.
A pesquisa mencionada na afirmação sugere que a percepção pessoal da idade pode ter um impacto significativo na longevidade. Especificamente, o estudo descobriu que as pessoas que se sentem mais jovens do que sua idade cronológica têm uma chance menor de morrer. Isso pode ser devido a vários fatores. Por exemplo, pessoas que se sentem mais jovens podem ser mais propensas a manter um estilo de vida ativo e saudável, o que pode contribuir para uma vida mais longa. Além disso, sentir-se mais jovem pode estar associado a uma atitude mais positiva e a um melhor bem-estar mental, o que também pode ter um impacto positivo na longevidade.
No entanto, é importante notar que essa é uma área de pesquisa complexa e que outros fatores também podem desempenhar um papel na longevidade. Portanto, embora a percepção pessoal da idade possa ser um fator importante, ela é apenas uma peça do quebra-cabeça.